“O Povo é o meu Palco e a Memória é a Minha Canção”
Nesta entrevista, recordamos momentos marcantes da sua vida: dos palcos revolucionários aos festivais internacionais, das dificuldades às conquistas, do menino que cantou David Zé ao homem que hoje canta pela paz e pela cultura angolana.
PERGUNTAS & RESPOSTAS
Boa noite, Cota Cândido Ananaz. Começo pelo presente: o projeto Ovipala está em digressão pelo país. Como está a decorrer esta viagem artística?
Estamos numa digressão pelo centro-sul, em seis províncias: Namibe, Huíla, Cunene, Benguela e, na segunda fase, vamos ao Huambo e ao Cuando Cubango. Está a correr muito bem, apesar dos solavancos normais de estrada. O objetivo é levar o espetáculo às comunidades autóctones, onde a música tem mais sentido e mais verdade.
Vamos recuar no tempo. Em 1976, com apenas 12 anos, subiu ao palco no primeiro aniversário da Independência. Como viveu essa experiência?
Sinceramente, naquela altura não entendíamos o alcance da Independência. Sabíamos que o país era livre, mas não a profundidade disso. Eu fui convidado para cantar uma música do David Zé — Quem Matou Amílcar Cabral — e sem perceber muito bem como, dei por mim num espetáculo oficial. Curti o momento, claro, mas a consciência veio muito mais tarde.
No ano seguinte tornou-se cantor infantil da OPA. Que memórias guarda dessa fase?
Foram poucos meses. Depois fui para Luanda, estava para ir a Cuba, acabei por não ir. Cantei pouco tempo na OPA… e fui barrado. Sim, já havia barramento naquela altura (risos).
Em 1984 inicia a carreira oficial com o grupo Estrela Juvenil. Que importância teve o grupo na sua formação?
Tudo. Eles praticamente obrigaram-me a ser músico. Nunca foi minha pretensão seguir a música. E por não a ter levado sempre a sério, talvez tenha perdido oportunidades. Só há uns 15 ou 20 anos comecei a olhar realmente para a música como missão.
Pode-se afirmar que foi o primeiro “Ananaz” da família a entrar na música?
Não é questão de considerar — é realidade. Fui o primeiro artista da família. E, curiosamente, numa altura em que escondíamos o apelido por causa de bullying. Chamavam-nos “fruta”. Foi num festival que o nome saiu completo e ficou para sempre: Cândido Ananaz.
Ainda nos anos 80, vence o 2º Festival Nacional da Canção Política, no Cubal. Como viveu esse momento?
Recebeu 100 mil kwanzas — muito dinheiro na altura. Teve noção disso?
A propósito da Bulgária, como foi representar Angola num festival internacional?
E dentro de Angola? Há alguma história marcante das inúmeras digressões?
Entre 1988 e 1990 concorreu três vezes ao Top dos Mais Queridos. Como vê hoje essa fase?
Hoje, depois de tantas décadas, como olha para a música e para o seu papel nela?
Encerramento
Da infância revolucionária ao palco internacional, da canção política às digressões de investigação cultural, Cândido Ananás mantém vivo o espírito que sempre o moveu: cantar para o povo, preservar a memória e transformar a dor em música. Um artista que viveu a história de Angola por dentro — e que hoje a devolve, em forma de canção.
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